
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Yemanjá”.
Cantada por Maria Betânia e celebrada por tantos outros, dia 2 de fevereiro é dia de levar presentes para o mar em homenagem à Yemanjá. Na praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas, o terreiro São Jorge Filho da Goméia, de Portão, prepara mais uma festa, com todo o respeito e alegria que ocasião merece.

Ela lembra que nos primeiros anos tudo era muito simples. “Todos se mobilizavam para conseguir camisas padronizadas, o samba das marisqueiras ficava por conta dos meninos que aprenderam a tocar na escolinha do terreiro, e assim levamos por alguns anos”, lembra. Nos últimos 10 anos a festa ganhou a proporção de hoje, com a participação de mais de 10 terreiros, simpatizantes e turistas, integrando, inclusive, o calendário cultural da cidade.
O presente para Yemanjá não envolve apenas o dia 2. Devemos antes consultar os pescadores e o mar, para saber como deve ser o presente. “O presente não é uma oferta aleatória, mas uma energia, que deve estar sintonizada com os acontecimentos do ano que passou e o que pedimos para nós, para a comunidade e para o planeta. Pedimos sempre que o mar seja benevolente conosco e que nos perdoe por tantas atrocidades. Esse ano, por exemplo, o presente será também um pedido de desculpas por todo esse dano provocado pelo derramamento de óleo”, conta a líder religiosa.
Preparado com antecedência, o balaio permanece um ou dois dias no terreiro, para depois seguir, em cortejo, para a praia. “Hoje se fala muito em presente sustentável, mas nós sempre tivemos a preocupação com o que estamos levando no presente, a começar pelo próprio balaio, que é de cipó. Retiramos todas as embalagens plásticas, vidros. Mas acho muito complicado quando se associa poluição das águas às oferendas que fazemos aos nossos orixás. Não me considero uma poluidora e tenho certeza que o presente de Yemanjá não seja o problema. Na verdade, muitas vezes quando chegamos para fazer uma oferenda perto das águas ficamos até com receio, de tão suja e fedida que está”, frisa Mãe Lúcia.
No dia 2 de fevereiro os preparativos para a festa começam às 5 horas. Banho de pipoca, alfazema e muito samba de viola, até a hora da saída do presente levado pelos pescadores, que depende da maré. “Espero que todos que vierem participar do presente, venham de coração aberto; que não seja o presente pelo presente, ir só porque todo mundo vai. Venham em busca da energia que o mar proporciona”, concluiu.