Pedem-me, alguns leitores, que fale mais sobre Recursos Humanos no varejo. E embora julgue estar sempre falando de RH em tudo que escrevo aqui, ocorre-me que talvez precise ser mais específico no assunto. E vem a calhar toda a nova orientação que vem sendo dada, no mundo e no Brasil, para o velho treinamento de pessoal, sob a denominação de “formação por competências”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação vigente veio trazer a possibilidade de que a formação de profissionais tenha em vista a preparação efetiva para o desempenho das competências exigidas no desempenho das suas respectivas ocupações. Haverá para tanto normas de competências, que definirão o conjunto de elementos, critérios de desempenho e condições de realização do trabalho referentes a cada ocupação.
Baseados nessas normas serão estabelecidos exames práticos para certificação dos profissionais que, mesmo não tendo frequentado cursos
de formação, demonstrarem, entretanto, que dominam as competências exigidas para os seus respectivos cargos.
Muito bem. E nós com isso?
Tudo a ver.
Se, no treinamento de nosso pessoal, já havia essa preocupação de prepará- lo para o efetivo desempenho, melhor razão agora temos para nos unirmos a esse esforço conjunto, que poderá inclusive oficializar o resultado do nosso trabalho no varejo, com a própria certificação final dos nossos profissionais.
A capacitação por competências utiliza ao máximo as práticas de treinamento em serviço, monitoradas por gerentes ou supervisores capacitados para tanto. Mas alerta para a necessidade de levar o trabalhador a saber (adquirir o conhecimento), saber fazer (desenvolver as habilidades para realizar na prática o trabalho) e saber ser (ter atitudes e postura adequadas ao cargo).
Nesse conjunto de saberes se insere a capacidade de autocriticar seu próprio desempenho e buscar autodesenvolvimento. Em suma, educação levada a sério, como sempre nos interessou.
Essa formação por competências deve se dar em cinco níveis: habilidade técnica; capacidade de perceber e resolver problemas de sua ocupação; capacidade de se adaptar a novas situações, de trabalhar em equipe e de buscar e obter resultados com seu trabalho. Ou seja, tudo que um trabalhador precisa para crescer e progredir. E também tudo que uma empresa espera do seu trabalhador, para também crescer.
Assim, precisamos rever o treinamento que damos ao nosso pessoal (damos mesmo?), de modo a adequá-lo à nova realidade do ensino profissional. Precisamos de um treinamento com mais flexibilidade, que permita novas formas de agrupamento dos diversos ‘saberes’ que queremos disponibilizar aos empregados, bem como novas formas de fazê-los chegar até eles: horários flexíveis para o treinamento, métodos diversos, etc.
Devemos buscar também a multifuncionalidade, ou seja, preparar o empregado para o correto desempenho de todo um processo produtivo completo, de modo que ele seja capaz de desempenhar qualquer ocupação
dentro daquele processo.
Outra característica que devemos buscar é a adaptabilidade dos nossos treinamentos às circunstâncias do nosso público alvo. Isso pode ser feito de acordo com as características do pessoal e as necessidades do cliente a atender, obtendo uma aprendizagem prática e dinâmica.
O que importa é a criatividade e o foco no resultado. Sem blábláblá, nem perda de tempo. Formação dinâmica, objetiva, prática, coisa de terceiro milênio.
Vamos nessa!