A frase dita pelo professor Samuel Becker, em seu discurso de comemoração pelo primeiro feriado do dia 15 de outubro, no ano de 1947, ainda hoje é fonte de inspiração para muitos professores. Aliás, resistir e inspirar são características transmitidas entre as diferentes gerações de educadores.
Foi assim com Zeila Fonseca, educadora há 27 anos, hoje assumindo a função de diretora do Colégio Perfil, em Lauro de Freitas. Em casa ela teve duas bases fortes de inspiração que contribuíram diretamente com a escolha para se tornar professora. “Em 1993 assumi minha primeira sala de aula de alfabetização em uma escola pública e, ali, percebi meu verdadeiro ‘chamado’: cuidar, mediar, direcionar, abrir janelas e portas para o outro. Não há nada mais gratificante do que existir para o outro, e isso eu aprendi dentro de casa”.
O pai, Hildemar Seixas, ou tenente-coronel Seixas, já falecido, professor de História e tutor na Academia da Polícia Militar, era exímio em discursos emocionantes, tanto para a tropa quanto para seus alunos. “Eu, sempre admirada, o acompanhava como espectadora”.
A mãe, Maria das Graças Seixas, mais conhecida como pró Graça, professora do ensino fundamental, além da dedicação em sala de aula, idealizava e construía artefatos para facilitar a aprendizagem de seus alunos. “Eu a observava com paixão. Ela passava os finais de semana produzindo materiais e, muitas vezes, nem conseguia tempo para os seus, mas, talvez sem perceber, ela nos passava sábias lições, a mim e às minhas irmãs, com seu amor e dedicação”.
Os ensinamentos outrora aprendidos, agora são transmitidos para as novas gerações: ex-alunos que se tornaram professores e hoje dividem conhecimentos e experiências em prol da educação.
Para Zeila, a próxima geração de educadores deve compreender que os processos mudaram e que aceitar as mudanças como parte natural da vida torna os cenários menos assustadores.
“Ser professor é ter um propósito claro, onde não se trata apenas de ensinar, mas de amar pessoas e promover crescimento. Para isso, as escolas precisam cuidar dos professores. É essencial cuidar de sua saúde mental, promover formações que otimizem o trabalho, reduzindo o tempo de execução e aumentar a eficiência para que esses profissionais tenham tempo para o lazer e o autocuidado”, concluiu.
Na história
Segundo dados do Censo Escolar, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2023 foram contabilizados 2,4 milhões de professores no Brasil. Pilares essenciais para o desenvolvimento humano e social, todos os anos, no dia 15 de outubro, os professores são celebrados no Brasil.
A história remonta ainda do Brasil Imperial, quando no ano de 1827, Pedro 1º, Imperador do Brasil, baixou um Decreto Imperial criando o Ensino Elementar no Brasil no dia 15 de outubro, dia consagrado à educadora Santa Teresa de Ávila. O decreto versava sobre a descentralização do ensino, do salário dos professores e das matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender nas Escolas de Primeiras Letras (hoje, ensino fundamental). Para os meninos, leitura, escrita, as quatro operações de cálculo e noções mais gerais de geometria prática. Quantos às meninas, excluídas das aulas de geometria, aprendiam as ‘prendas’, como costurar e cozinhar, para a economia doméstica.
Em 1947 a data ganhou um olhar mais comemorativo e dedicado aos professores. Samuel Becker, professor paulista, teve a ideia de transformar a data em feriado, um dia de folga, para amenizar a estafa do período letivo do segundo semestre escolar, que à época começava dia 1º de junho e só encerrava em 15 de dezembro. A proposta recebeu grande adesão de professores e estudantes, sendo oficializada em 1963.