No cenário do jornalismo contemporâneo, há um embate constante entre os interesses políticos e a liberdade editorial, suscitando questionamentos profundos sobre o verdadeiro propósito da imprensa nas comunidades.
Recentemente, tive uma conversa com uma figura política ligada ao setor de comunicação, que destacou as oportunidades de interseção entre comunicação e política. Fui questionado sobre a ausência de cobertura política em meu blog e defendi firmemente minha abordagem editorial, enfatizando minha preferência por temas que transcendem o cenário político convencional. Em vez disso, minha atenção está voltada para assuntos culturais, notas, artigos, entrevistas autorais e reflexões sobre o papel das artes na sociedade. Isso não quer dizer que eu não tenha lado dentro da política, óbvio que tenho minhas preferências. Mas isso não vem ao caso!
Entretanto, a pressão persistiu à medida que o “comunicador politizado” insistia na necessidade de alinhamento com a “agenda governamental para garantir reconhecimento e benefícios”. Em resposta, reafirmei minha convicção de que o verdadeiro valor reside na integridade jornalística e na capacidade de impactar positivamente a comunidade, mesmo que isso implique abdicar de certas vantagens e privilégios.
Jornalismo e o puxa-saquismo
Expliquei o impacto positivo do nosso blog na comunidade, destacando nosso papel como fonte de pesquisas acadêmicas, promoção cultural, educacional e na preservação da memória. Reforcei o posicionamento com a defesa da liberdade de expressão e da diversidade de perspectivas, indo além do cotidiano da política local.
A maioria dos veículos de comunicação segue sempre o mesmo lado, defendendo seus próprios interesses, mas infelizmente produzindo notícias repetitivas, sem sal e com muito puxa-saquismo de um lado e ásperos com os adversários dos seus pupilos.
No final da conversa, fui claro em manter nossa independência editorial, recusando-me a transformar nosso blog em um veículo de “merchandising político”. Embora nossa jornada seja desprovida de lucros por não publicarmos conteúdos tendenciosos e comerciais, seguimos em conexão com a comunidade, defendendo nossas raízes e memória com total liberdade.
Em um mundo onde o sensacionalismo muitas vezes obscurece a essência do jornalismo comunitário, prefiro continuar fiel aos princípios da linha editorial que tracei e venho mantendo.
Este diálogo reflete um dilema mais amplo enfrentado por muitos profissionais de comunicação. Em tempos de crescente polarização política e pressões mercadológicas, o papel do jornalismo independente se mantém na resistência e no compromisso com a comunidade e seus leitores, com ética e verdade.
Apesar das adversidades editoriais, acredito que, independentemente da linha jornalística, a integridade precisa continuar sendo uma força vital na promoção da verdade. É fundamental ouvir os dois lados antes de fazer qualquer juízo, considerando os pontos de vista da comunidade em prol da diversidade e na construção de uma comunicação equilibrada. Esse é o caminho do jornalismo e de qualquer veículo que se respeite.
Texto disponível também em www.blogdomarciowesley.com.br
Márcio Wesley | Jornalista, produtor cultural e professor de Artes.