Lauro de Freitas está em vias de regulamentar o serviço de transporte de passageiros em veículos particulares que há mais de dez anos opera do Centro para Vida Nova – e que agora já chega a Areia Branca, Jambeiro, Caji e outras regiões. São bairros em que o transporte público é ainda mais deficiente do que no restante da cidade ou apenas inexistente.
Os chamados “ligeirinhos” são uma alternativa aos micro-ônibus do transporte alternativo – os “topiqueiros” que circulam muito lentamente pela cidade na tentativa de maximizar o número de passageiros por viagem. Uma das queixas mais frequentes dos usuários desse transporte é o exagerado tempo de viagem, três a seis vezes maior que o normal.
Vem daí, justamente, o apelido dos ligeirinhos, carros-lotação que cumprem o percurso dos topiqueiros numa fração do tempo destes. Enquanto um topiqueiro leva de 60 a 90 minutos para ir do Jambeiro ao Centro, os ligeirinhos cumprem o mesmo trajeto em 20 minutos.
A fórmula surgiu quando o poder público se ausentou. Como em muitos outros casos, a sociedade acaba encontrando soluções para os seus problemas por conta própria. Isso é verdade especialmente no que se refere ao transporte público, tradicionalmente insuficiente e de baixa qualidade na maior parte do país. O serviço de moto-táxi, regulamentado em Lauro de Freitas em anos recentes, também apareceu como solução para resolver insuficiências de transporte.
Ligeirinhos: compensando as insuficiências do transporte local
Uma das soluções mais discutidas atualmente nas grandes cidades brasileiras é o serviço do Uber, que veio compensar a pouca qualidade dos serviços de taxi oferecendo, entre outras coisas, veículos de melhor padrão. Em Lauro de Freitas, por enquanto, é o usuário de micro-ônibus Ligeirinhos da cidade podem ganhar regulamentação que busca simplesmente chegar ao destino em tempo hábil. E às vezes, apenas chegar.
Em várias regiões da cidade os ligeirinhos são a única alternativa de transporte público. É o caso da rua Teócrito Batista, no Caji, onde nos últimos anos surgiram diversos condomínios. A chegada das famílias não foi acompanhada pela oferta do serviço público de transporte. Quem não tem carro próprio depende dos carros-lotação.
Como, ao contrário, a oferta de transporte dos ligeirinhos acompanhou a demanda da expansão imobiliária, a atividade popularizou- se, passando a exigir regulamentação e supervisão. “Está na competência dos municípios regular o transporte por ser de interesse local”, explica o vereador Antônio Rosalvo (PSDB), presidente da Câmara e autor do projeto de lei que regulamenta a atividade em Lauro de Freitas.
“Não se trata de admitir ou não os ligeirinhos”, diz – “eles são uma realidade há muitos anos e prestam um serviço essencial à população, não só compensando a insuficiência dos outros meios de transporte, mas também atendendo regiões que não têm transporte público algum”.
A regulamentação que vem sendo discutida na Câmara prevê normas de segurança para usuários e motoristas, submetendo a atividade à fiscalização da prefeitura. Rosalvo destaca ainda que os ligeirinhos já são amplamente aprovados pelos usuários, ao contrário do que ocorre com o serviço de micro-ônibus, que teria 80% de rejeição de acordo com pesquisa da prefeitura mencionada pelo vereador.
Com custo igual ou inferior ao dos topiqueiros (R$ 2,50 por passageiro do Centro ao Caji, por exemplo) os ligeirinhos ganharam facilmente ampla preferência popular, mas enfrentam a oposição dos operadores das linhas de micro-ônibus. As linhas que operam na cidade são concessões do poder público e não passaram por licitação apesar do que prevê a lei.