Prefeito, chega de segredos!

0
1056
colunista fala sobre politica

Quando um prefeito assume o mandato, é comum observar uma atenção minuciosa na escolha dos titulares das secretarias de Fazenda, Saúde, Educação e outras áreas estratégicas. No entanto, algo curioso e preocupante ocorre em relação ao departamento de comunicação: muitos gestores relegam sua importância ou tratam sua escolha com descaso.

No cenário atual, em que a informação circula em tempo real e as pessoas estão cada vez mais conectadas, essa negligência pode se transformar em um erro fatal para a gestão pública. A comunicação não é apenas um setor de suporte; ela é a voz da gestão. É por meio dela que as ações do governo chegam ao conhecimento da população, que os resultados são apresentados e que se cumpre um dos pilares constitucionais da administração pública: a transparência na aplicação do dinheiro público.

Comunicação: um pilar indispensável da gestão pública

Nos dias de hoje, a comunicação transcende o simples ato de informar. Ela constrói percepções, estabelece conexões e fortalece a confiança entre o governo e os cidadãos. Ignorar ou minimizar seu papel é colocar em risco não apenas a imagem da gestão, mas também sua capacidade de dialogar eficazmente com a população.

A comunicação institucional é o fio condutor que transforma ações em resultados tangíveis aos olhos do público. Uma obra finalizada, por exemplo, não basta por si só: é preciso mostrar o impacto que ela terá na vida das pessoas. Um programa de saúde que salva vidas só será valorizado se a população souber que ele existe.

Apesar disso, muitos gestores ainda consideram caro investir em comunicação. Preferem se limitar às redes sociais, muitas vezes de forma orgânica e desestruturada, subestimando a necessidade de uma estratégia abrangente, planejada e profissional.

Sustentando governos e planejando o futuro

Em um país onde boa parte dos gestores, já no primeiro dia de governo, começa a pensar na reeleição, a comunicação desempenha um papel estratégico crucial. É ela que sustenta um governo e constrói, ao longo do tempo, uma narrativa capaz de convencer o eleitorado de que o gestor merece continuar.

Além disso, a comunicação é essencial para alinhar a administração pública. Muitas vezes, os próprios integrantes do governo não sabem para onde a gestão está indo ou quais são suas bandeiras. Esse descompasso gera confusão e desarticulação, dificultando a entrega de resultados.

Um governo pode ser comparado a um corpo humano, no qual cada secretaria desempenha uma função específica, mas todas precisam trabalhar em harmonia para garantir o bem-estar do todo. A comunicação é o sistema nervoso que conecta e orienta cada órgão, promovendo uma visão clara das metas e assegurando que as ações sejam compreendidas pela população. Essa articulação é ainda mais importante porque, em muitas situações, as ações passam pela transversalidade, exigindo integração e cooperação entre diferentes setores.

Pesquisas constantes e análise preditiva: a bússola da gestão

Outro elemento indispensável para uma comunicação eficaz é a realização de pesquisas constantes de satisfação, tanto da população quanto dos colaboradores. Entender o que as pessoas pensam, sentem e esperam do governo é essencial para ajustar estratégias, corrigir rumos e melhorar a percepção pública.

Além disso, a análise preditiva é uma ferramenta poderosa que pode transformar a gestão. Baseada em dados históricos e inteligência artificial, ela permite prever tendências, identificar riscos e antecipar problemas antes que se tornem crises. Por exemplo, ao monitorar indicadores de aprovação, a análise preditiva pode ajudar a direcionar campanhas de comunicação para áreas específicas que precisam de mais atenção.

Redução de custos em campanhas eleitorais

Manter a gestão com um alto ou bom índice de aprovação não é apenas uma meta política; é também uma estratégia de economia. Uma gestão bem avaliada e com uma comunicação consistente reduz consideravelmente os custos da próxima campanha eleitoral.

Isso evita que, nos três meses que antecedem as eleições, o governo precise “correr atrás” para explicar tudo o que foi feito ao longo dos anos e não comunicado. A pressa para convencer o eleitorado de última hora é sempre mais cara, menos eficiente e, muitas vezes, ineficaz.

A necessidade de uma agência especializada

Para alcançar esse nível de eficiência, não basta contar com uma equipe que apenas desenvolva peças gráficas. É fundamental ter uma agência de publicidade especializada em gestão pública, capaz de compreender as complexidades da administração e de traduzir ações governamentais em mensagens claras e impactantes.

Não se engane acreditando que qualquer pessoa, por mais dedicada que tenha sido durante a campanha, será capaz de conduzir o “eixo central” do governo, que é a comunicação. A dinâmica de uma campanha é completamente diferente da administração pública. Conduzir a comunicação de uma gestão exige planejamento estratégico, visão ampla e uma abordagem profissional que vá além do improviso e do esforço individual.

Essa agência precisa ir além da criação de artes: deve entender de planejamento estratégico, participar das decisões e atuar como parceira ativa da gestão. Deve ter expertise em comunicação integrada, alinhando esforços entre secretarias e garantindo que o governo fale com uma só voz.

Conclusão

Num mundo conectado e em constante transformação, a comunicação deixou de ser uma peça acessória e tornou-se o motor de qualquer gestão pública. Prefeitos que não percebem isso correm o risco de administrar no silêncio, deixando de mostrar resultados e de criar uma conexão genuína com seus cidadãos.

Se “guardar segredo” já foi uma estratégia de governo em outros tempos, hoje é um atalho para o fracasso. Comunicação é transparência, é estratégia, é investimento — e, talvez, o departamento mais importante de uma prefeitura. Afinal, quem não comunica, não governa.

Robson Wagner Publicitário, CEO da W4 Comunicação.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui