12 anos em defesa da rede fluvial da região Registro da primeira reunião dos fundadores da Oscip Rio Limpo, na Fazenda Tereré, Abrantes, em 25 de março de 2010. Atrás (a partir da esq.:) Uelber, engenheiro Fernando Carvalho, Toninho de Portão, engenheiro Paes de Andrade, economista Humberto Pinto de Carvalho, engenheiro Pedro Ornelas, e os pescadores Cotoco, Clóvis-Fumo e Geraldão da Bahia. Na frente (a partir da esq.:), engenheira Ana Paula (Embasa), médico André Guanaes, Silvana Junqueira, pescador Dodô, José Cerqueira, Fernando Borba, Mauro Peltier e o presidente da Colônia de Pescadores de Buraquinho, Jonas – Mestre Touro.
AINDA FALTA FALTA MUITO
A luta continua, porque onde há vontade, há caminhos
Há alguns anos atrás nascia a Organização Social de Interesse Público, denominada Rio Limpo. Aqueles “gatos pingados” que participaram dos ‘trabalhos de parto’, não imaginaram que a instituição recém nascida ganharia a musculatura que tem hoje. Alma ela já tinha: eram as histórias dos pescadores e das marisqueiras que, muitas vezes, acalentaram as noites estreladas do rio em seus dias crepusculares. Em seus poucos anos de vida, a entidade ganhou corpo e credibilidade. Moradores de Lauro de Freitas, principalmente os que habitam às margens de seus fatigados rios, foram tomando consciência que a ação comunitária é poderosa e capaz de vencer obstáculos que pareciam intransponíveis.
A Rio Limpo veio a lume inspirada na luta de todos para preservar e proteger a grande bacia hidrográfica da região, cujo eixo é o vistoso rio Joanes, no qual outros mananciais depositam suas águas até desaguar, entre mangues e lendas, no Oceano Atlântico.
Despossuída de recursos financeiros que lhe possibilitassem voos mais audaciosos, a Organização Social, contudo, logrou obter o apoio e a confiança de milhares de cidadãos, convertendo-se em um eficaz instrumento de ação política, sem vínculos partidários que lhe retirassem a autonomia necessária ao diálogo que sempre cultivou, com sabedoria e discernimento, nas diversas esferas do Poder Público.
O levantamento dos estudos existentes nos órgãos públicos, necessários a que se chegasse à um conhecimento mais científico da gravidade das ameaças que pairam sob os nossos rios, constitui-se numa conquista fundamental para a formação de uma reivindicação popular embasada e incontornável. Sem dúvida, os programas de saneamento e recuperação ambiental, dotados de recursos financeiros definidos, decorreram deste processo de mobilização social e ampla consciência moral, política e ecológica. Sem a emergência das mesmas, dificilmente as autoridades públicas voltassem a atenção para a nossa região, tão degradada em sua qualidade de vida, pela presença de outros tantos problemas urbanas que a afligem.
Mais do que nunca, quando registramos tantos avanços desde aquela noite em que nos reunimos para colocar em cena a nossa Rio Limpo, é preciso insistir no protagonismo de todos que estão reunidos em sua entidade, para revigorar suas lutas até que se possa ver novamente o brilho das águas, a saúde dos peixes e a alegria da comunidade.
Marcelo Cordeiro é presidente do Conselho Consultivo da OSCIP Rio Limpo.