Venezuelanos também votaram em Vilas do Atlântico

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Cidadãos venezuelanos residentes em Lauro de Freitas, Salvador e outros municípios do entorno, participaram da consulta popular extraoficial promovida no dia 17 de julho pela frente de oposição ao presidente Nicolás Maduro na Venezuela e outros cem países. Segundo os organizadores, foram habilitados 667 pontos de votação, distribuídos em 602 cidades de todo o mundo onde residem venezuelanos.
 
Em Salvador e Região Metropolitana, de acordo com Marlon Rodriguez, um dos organizadores da votação, a única urna estava instalada em Vilas do Atlântico, na área da Pão Expresso. Cerca de 50 pessoas eram esperadas. Érika Alezard, que reside no Brasil há 20 anos, foi uma delas. Em todo o Brasil, milhares de venezuelanos teriam votado no plebiscito.
 
Venezuelano votantes em Vilas do Atlântico: 98% de apoio à oposição
 
Rodriguez, a esposa Carol e os três filhos do casal residem há sete anos no Brasil. A deterioração da situação política e econômica na Venezuela, já naquela época, serviu de incentivo para a família se mudar de vez para a Bahia, aproveitando uma oportunidade de emprego.
 
Diego Hernandez, 23 anos, administrador de empresas, foi um dos venezuelanos mais jovens a votar na urna de Vilas do Atlântico, juntamente com seu irmão Samuel, 21, estudante de engenharia. Há dez anos no Brasil, a família mora em Buraquinho. Como várias outras, a família Hernandez também veio para o Brasil por causa da crise no seu país e por haver surgido uma oportunidade de emprego no Polo Petroquímico de Camaçari.
 
Diego tinha apenas 13 anos quando deixou a Venezuela, mas lembra que “já havia falta de carne, leite” e das corridas aos supermercados sempre que alguém avisava de um abastecimento recente. Agora se preocupa com os avós, que ainda residem lá e que estão “sem acesso a remédios”.
 
Para Samuel, “participar da votação é o mínimo que podemos fazer”. Apesar de ter saído muito novo de seu país, sentese ligado à pátria e diz que ficou feliz por fazer a parte dele.
 
Realizada à margem do poder eleitoral oficial, a votação foi considerada um plebiscito pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) e consistia em aferir se os cidadãos concordam ou não com o processo constituinte proposto pelo governo Maduro. Os redatores da nova Constituição seriam eleitos no último dia 30, de acordo com novos critérios, que a oposição considera favorecer o chavismo.
 
Os votantes responderam a outras duas perguntas: se as Forças Armadas devem defender a atual Constituição e se querem eleger um novo governo de unidade nacional.
 
Sem a participação dos chavistas, que criticaram a realização da consulta, os resultados mostraram 98% de apoio às propostas da oposição. Foram às urnas, de acordo com a organização, cerca de sete milhões de votantes, mais de um terço do eleitorado venezuelano. Para o processo, a MUD habilitou 2.030 “pontos soberanos” em todo a Venezuela, com 14.404 mesas de votação e mais de 47 mil pessoas credenciadas, além de 80 mil voluntários. 
 
Segundo a reitora da Universidade Central da Venezuela, Cecilia Garcia Arocha, a participação foi alta, levando-se em conta que havia sete vezes menos mesas de votação do que numa eleição nacional e que o plebiscito foi organizado em duas semanas, por 50 mil voluntários e sem a estrutura do governo. Arocha integra o grupo de acadêmicos que monitorou a consulta popular.
 
Já o presidente Nicolás Maduro considerou o resultado do plebiscito “desmoralizante” comparado com a participaçãona simulação para a eleição da Assembleia Nacional Constituinte. A oposição pretendia boicotar a votação do dia 30, por considerá- la uma manobra de Maduro para reescrever a Constituição e se perpetuar no poder, apesar da crescente insatisfação da população com o desabastecimento e a inflação anual de mais de 700%.
 
A crise econômica, agravada pela queda do preço do petróleo, principal produto de exportação venezuelano, determinou a vitória da oposição nas eleições legislativas de 2015. Pela primeira vez em 18 anos de governos socialistas, os oposicionistas controlam o Congresso. Mas suas decisões têm sido anuladas pela Suprema Corte que, segundo a oposição, é aliada de Maduro.

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