A decisão de unificar as pastas de Esporte, Cultura e Juventude gerou grande repercussão nas redes sociais da cidade e motivou um amplo debate sobre os impactos dessa medida. Para entender a opinião da população, realizei uma enquete em diversas plataformas digitais, incluindo WhatsApp, Instagram (direct e stories) e outras interações espontâneas. O resultado foi categórico: a maioria desaprovou a fusão, apontando preocupações sobre o possível enfraquecimento de cada setor.
Nossa rede, composta pelo WhatsApp (lista de transmissão), Instagram e o Blog do Márcio Wesley, é formada majoritariamente por professores, estudantes de graduação e pesquisadores (mestrado e doutorado), fazedores de cultura de Lauro de Freitas, produtores culturais e lideranças comunitárias. Esses segmentos trouxeram suas percepções sobre a unificação das pastas.
No WhatsApp, recebi 45 áudios, todos lamentando a junção. Além disso, foram 135 mensagens escritas, das quais 134 rejeitando a mudança, com muitos apontando que a sobrecarga dificultará o trabalho do atual secretário. No direct do Instagram, 118 mensagens seguiram a mesma linha crítica, destacando a falta de participação popular na tomada dessa decisão. Já na enquete dos stories, entre os 82 comentários recebidos, 80 se mostraram contrários à fusão, enquanto dois manifestaram uma esperança cautelosa, acreditando que o subsecretário poderá assumir as rédeas.
A cultura é um pilar fundamental da identidade da nossa comunidade e sem um olhar atento para sua valorização, corremos o risco de nos tornarmos apenas consumidores de histórias alheias. A arte, a memória e as expressões culturais precisam de espaço e de gestores comprometidos exclusivamente com esse setor 24 horas por dia.
O esporte, por sua vez, tem atribuições igualmente complexas. Gerenciar infraestrutura, promover eventos e incentivar a formação de novos atletas exige dedicação total. Para um gestor que já precisará lidar com essa carga, assumir também a cultura e a juventude pode tornar-se uma tarefa hercúlea, comprometendo a qualidade da gestão e das políticas públicas para cada área.
Conclusão
A separação das pastas não é apenas uma reivindicação popular, mas uma necessidade estratégica. A unificação pode comprometer o avanço de políticas públicas fundamentais para o desenvolvimento cultural e esportivo da cidade.
Decisões dessa magnitude não podem ser tomadas de forma unilateral. A escuta da comunidade e dos profissionais envolvidos é essencial para garantir que a gestão esteja alinhada com as reais demandas da sociedade, principalmente, com as conferências realizadas ao longo dos anos.
A fusão das secretarias impõe um questionamento: estamos avançando ou retrocedendo em nome de uma suposta eficiência administrativa? O debate precisa continuar, e a sociedade deve ser protagonista nessa construção. Afinal, cultura, esporte e juventude são eixos estruturais que merecem políticas públicas sólidas e independentes.
Márcio Wesley | Jornalista, produtor cultural e professor de Artes.