“A vacina é segura e eficaz, mas a caminhada é longa”

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A liberação do uso emergencial no Brasil das vacinas que combatem o novo coronavírus, mesmo que com o quantitativo de doses ainda insuficientes para os grupos prioritários, instaura em toda a sociedade um sentimento de bons ventos de mudança. Mas os especialistas alertam que ainda é necessário cautela. Muitos dos questionamentos feitos pela população não tem respostas, por conta de se tratar de uma vacina nova que começou a ser aplicada, quase que simultaneamente, em todo o planeta. Mas a orientação é clara: quando chegar sua hora, não hesite, tome a vacina.

Historicamente já está mais do que comprovada a importância das vacinas para a ciência e para a sociedade. Doenças como varíola e sarampo, assim como variantes de vírus gripais, como o H1N1, foram erradicadas ou controladas a partir do trabalho de vacinação em larga escala no país, como afirma o infectologista Adriano Silva de Oliveira, profissional de referência do Hospital Aliança, titular da Sociedade Brasileira de Infectologia. “As vacinas são responsáveis por aliviar a humanidade de muitas de suas maiores chagas históricas. Com vacinas eliminamos a varíola do planeta. Já varremos no passado o sarampo do nosso país e por falta delas, voltamos a ter esse tipo de doença. Igualmente nos livramos da paralisia infantil. Que as vacinas são um avanço importante e que beneficiam muito a humanidade, não há dúvidas”.

Especificamente sobre as vacinas para a Covid-19, o infectologista ressalta que não existe uma vacina, mas sim dezenas de candidatas que estão sendo testadas, algumas já liberadas para o uso da população, com diferentes perfis de segurança e quantidade de dose necessária. Mas questionamentos sobre por quanto tempo cada pessoa fica imunizada após a vacina, por exemplo, só o próprio tempo poderá responder.

“As fases de estudo às quais as vacinas foram e estão sendo submetidas definem bem, que em geral, elas são seguras. Porém, o quanto e até quando a imunidade vai durar, ainda não sabemos. O tempo é senhor desta verdade. Quanto à eficácia, precisamos interpretar os números de forma correta: 50% é bastante adequado, principalmente se considerarmos que os demais que possivelmente adoecerem não ficarão graves e desafogarão os serviços de saúde. Em termos de evitar que o paciente fique grave, a Coronavac atinge índices próximos de 100%”, frisa o profissional.

Apesar do alívio em saber que as vacinas começaram a ser aplicadas no país, a caminhada é longa e ainda não é possível relaxar nas medidas de segurança. Segundo o infectologista, só quando atingirmos pelo menos 70% da população vacinada, de preferência o mais simultaneamente possível, é que alcançaremos a chamada imunização de rebanho. Mas para isso, é preciso termos as doses da vacina e também uma grande campanha de comunicação, que enfraqueça a ação das fake news e reforce a importância da vacinação.

“Não sabemos ainda por quanto tempo precisaremos continuar com as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras. Precisamos ver como ficará o comportamento epidemiológico da doença para definirmos medidas como essas. A princípio, todas as medidas devem ser mantidas. Ainda é muito precoce para se falar de vida normal, há muito trabalho pela frente. O que sabemos, até este momento, é que vacinar contra a Covid-19, não é apenas uma questão de cuidar de si, mas também das pessoas a quem amamos e todos os demais indivíduos que entrarem em contato conosco. Quando nos imunizamos, deixamos de ser mais um agente a transmitir a doença e não contaminamos os nossos contactantes”, concluiu o médico.

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