Alerta: em apenas 4 meses de 2021, número de mortes por Covid-19 supera o de todo o ano de 2020

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Mais um mês de pandemia e mais uma estatística negativa: abril foi o pior mês da pandemia para o Brasil, totalizando 69.039 mortes até o dia 25 de abril, quando do fechamento editorial (26/4) desta edição da Vilas Magazine. Em todo o mês de março, que também não foi nada bom, foram registrados 67.723 óbitos, e em julho, considerado o pior de 2020 e que alguns defendiam ser o pico da doença no país, registrou 32.912.

Apesar da média móvel de mortes apresentar uma tendência de queda, ainda estamos registrando mais de dois mil óbitos por dia. São números tão elevados que o Brasil ultrapassou, em apenas quatro meses deste ano, o número total de mortes registradas em 2020 (desde março, quando foi registrada a primeira morte no país). São 195.949 mortes de janeiro a abril de 2021 (113 dias) contra 194.976 de março a dezembro de 2020 (289 dias).

Na Bahia foram 9.128 mortes em 2020, 35% delas na capital. Nos primeiros quatros meses de 2021 foram registrados 8.845 óbitos, sendo 30,2% na capital. Um dado chama a atenção: a taxa de letalidade, que mede o índice de pessoas infectadas que evoluíram para óbito. Em 2020 a taxa era de 1,85%, e agora subiu para 2,27%.

Apenas 13,71% da população foi imunizada, com a primeira dose da vacina, e 5,94% já receberam as duas doses. A Bahia, que imunizou 14,96% da população em primeira dose e 5,84% com a segunda dose, poderia estar em uma situação bem mais adiantada, não fosse a burocracia que rege as relações no Brasil.

Em março, o governo do estado celebrou a assinatura do contrato do Consórcio Nordeste com o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia, para a compra de 37 milhões de doses de vacina Sputink V, sendo 9,7 milhões destas para a Bahia. A compra só aconteceu após ações dos estados, junto ao Superior Tribunal Federal – STF, que resultou na lei nº 14.124/2021, que possibilita a importação excepcional de vacinas sem registro no Brasil, desde que atendidos critérios mínimos definidos no texto.

A lei determina também que a Anvisa deve avaliar o cumprimento dos critérios da lei e emitir parecer. Mas o processo não andou. A Anvisa está cobrando novos documentos, que segundo os governadores, extrapolam o determinado em lei, e mais uma vez a justiça está sendo acionada.

Mas a vida no país não parou. O comércio está funcionando de forma escalonada, com dias e horários definidos pelo tipo do serviço; milhares de pessoas buscam garantir seus empregos; e agora as escolas receberam um sinal de que o retorno das aulas, ainda de forma semipresencial, pode acontecer nos próximos dias.

Mas em meio a todas as incertezas vividas do ponto de vista da saúde, o retorno das atividades pode ser entendido como uma pequena vitória?

Vivemos em constante dicotomia, numa tentativa de trabalhar nosso senso crítico, e o emocional, e entender o que seja certo ou errado. Exemplo: Nova Zelândia é considerado um dos países mais exitosos no combate a Covid-19. A estratégia adotada pela primeira-ministra Jacinda Ardern é de eliminar a curva de contágio, em vez de achata-lá, como faz a maioria dos países, Brasil entre eles, mesmo que para isso seja necessário o fechamento total, até que qualquer foco, por menor que seja, esteja contido. O resultado é que o país registrou, desde o início da pandemia, um total de 26 mortes.

Se deu certo lá, devemos copiar por aqui? É melhor um mês inteiro, ou até dois, sem ninguém sair de casa, do que viver nesta gangorra há mais de um ano, certo? Talvez.

Diferente de outros países, o suporte que os gestores brasileiros, independente da instância, fornecem aos empresários claramente não é, nem de longe, suficiente. O empresário tem compromissos com fornecedores, com funcionários, precisa controlar seu estoque, sobretudo quando é perecível, e paga impostos, uma carga tributária absurda. É certo, neste cenário, forçar um fechamento total do comércio? Sem qualquer suporte e garantia do governo, quantas empresas conseguiriam reabrir?

Entre a vida e o lucro, devemos escolher o lucro? Não, mas está na hora de exercermos a empatia e entendermos o lado do outro antes de emitirmos avaliações. Se você, leitor, for o empresário? Ou se o sustento do seu lar dependesse diretamente deste empresário?

É bom saber que funcionou na Nova Zelândia, e de certa forma ajuda a alimentar a nossa alma de esperanças. Mas daí acreditar que no Brasil exista qualquer condição de seguir tal metodologia é ter uma fé muito grande na política brasileira, quando sabemos ser ela uma boa representação da expressão ‘santo do pau oco’.

O certo é que devemos todos continuar seguindo os protocolos de proteção, usando máscara, higienizando corretamente as mãos e manter o distanciamento social.

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