Por uma política de redução de danos

Por uma política de redução de danos
Os problemas ambientais, longe de serem únicos ou mesmo os mais urgentes da cidade, interessam cada vez mais a todos. A conscientização não chegou por meio da educação, como seria desejável, mas porque os efeitos da degradação batem à porta das pessoas. Mesmo quem mora longe dos cursos d’água que atravessam a cidade, percebe o odor nos bueiros da rede pluvial.
 
Este Dia Mundial do Meio Ambiente, marcado a 5 de junho, só não promete atrair maior atenção por conta da crise de abastecimento rodoviário que atinge o país inteiro desde 21 de maio e que à data de fechamento desta edição da Vilas Magazine – também seriamente comprometida na sua produção e distribuição –, não tinha data para acabar. A própria crise é mais um exemplo dos problemas que as pessoas enfrentam no dia a dia, deixando a questão ambiental sempre em segundo plano.
 
Quem frequenta a foz do Joanes, em especial os atletas de kitesurf e standup paddle, que fazem uso direto da água do rio, faz parte dessa massa urbana cada vez mais interessada em temas ambientais. Há pescadores, moradores das áreas próximas, banhistas de fim de semana, o empresariado de hotelaria e turismo. A lista não tem mais fim.
 
A demanda pelo Sistema de Esgotamento Sanitário tornou-se tão popular quanto os pedidos de asfaltamento de ruas eram no passado. Saneamento ambiental hoje é demanda básica. Mas não basta completar a obra, deixar tudo pronto. Depois a população terá que providenciar a ligação do esgotamento doméstico à rede pública, que é obrigatória, mas corre por conta de cada um. Haverá quem não o faça até que, de alguma forma, seja obrigado. Haverá quem não queira pagar o custo e haverá quem não possa arcar com ele.
 
A lei hoje exige o tratamento de esgoto antes que ele seja lançado, mas as estações de tratamento precisam ser adequadamente mantidas. Caso contrário, tornam-se meras caixas de passagem para o esgoto doméstico in natura. Onde ainda há fossas, o problema está na contaminação do lençol freático – em especial em regiões de dunas, como é o caso de larga faixa no litoral de Lauro de Freitas – que vai aflorar no Sapato.
 
A sociedade cobra medidas e resultados imediatos, mas é certo que nada acontecerá do dia para a noite, nem de um ano para o outro. As autoridades fazem o que podem, é preciso reconhecer. Não há gestor público que deseje apresentar rios poluídos como legado. Recentemente, a prefeitura de Lauro de Freitas distribuiu notificação a condomínios solicitando explicar onde e como despejam o esgoto doméstico. É um começo de fiscalização, mas que precisaria abranger todos os imóveis na cidade inteira.
 
O que se pode fazer desde já, com efeito imediato, é estancar a expansão urbana sem a necessária infraestrutura, quer de saneamento, quer de trânsito ou qualquer outra, incluindo a de segurança pública. Já a situação presente aí estará por muitos anos ainda. Precisamos, talvez, de propostas menos ambiciosas e mais factíveis, como numa política de redução de danos.
 
Metrô e paciência
Apesar de tudo e de todas as frequentes crises que se abatem sobre nós, há trabalho
em curso e o futuro não está perdido. Manter isso em perspectiva é essencial quando uma imensa fila de ônibus se forma no acesso à estação Aeroporto do metrô. Maldizer os governos é a primeira reação de uma população cansada de esperar, mas ali ao lado está em construção o terminal de transbordo que vai normalizar o acesso de ônibus e acabar com as filas. Isso precisa ser levado em conta. Antes ter o metrô funcionando desde já do que manter a estação fechada à espera do transbordo, independentemente do que tenha dado errado no timing das obras.

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