Há muitos pré-candidatos ensaiando colocar seus nomes à disposição para concorrer a algum cargo nas próximas eleições. Porém, impressiona que ainda não tenham assumido claramente seus interesses políticos e nem trabalhem a respeito. Mas querem concorrer. Assim ocorre, por diversos motivos, uma vez que a disputa tem se tornado mais desafiadora. Nas últimas eleições, ataques e ofensas pessoais, muitas vezes, se tornaram o centro da competição. Embora o fanatismo político tenha estado sempre presente nos embates eleitorais, o lulismo e o bolsonarismo trouxeram o comportamento para um novo patamar. O processo eleitoral de verdade começa 45 dias antes da eleição, momento em que a máquina de ‘moer carne humana’ será ligada. Talvez, com receio dessa perigosa máquina ser acionada antecipadamente, os pré-candidatos demorem cada vez mais para deixarem claro seus interesses e mais ainda, para começarem a trabalhar suas imagens e reputação.
Atualmente, o que vejo é que as discussões dos grupos políticos se tornaram superficiais, limitando-se à escolha de nomes. No debate político partidário ideal se discute qual é o melhor projeto para a educação ou como combater eficazmente a violência. Ao invés disso, o que vemos é o foco recair sobre a pergunta: “Fulano é capaz de fazer isso?”
Em Lauro de Freitas, a ex-vereadora Débora Régis não escapou desse cenário. Ao declarar-se pré-candidata a prefeita, teve sua vida exposta e encontraram motivos na prestação de contas da campanha de 2020, para afastá-la por oito anos das disputas políticas. Isso faz com que a oposição adote uma estratégia de evitar que qualquer possível candidato se exponha ao ponto de se tornar a próxima vítima da tão temida máquina de ‘moer carne humana’.
O empresário Teobaldo Costa, após vender parte de seu negócio comercial, ainda não se declarou candidato. Há especulações afirmativas que a venda pode inviabilizar seu sonho, enquanto outros argumentam que pode viabilizá-lo, mas ninguém confirma os fatos para ganhar tempo.
Mateus Reis segue nas ruas, incansável, trabalhando para viabilizar o desejo que o persegue desde 2016. João Leão já compreendeu que o seu papel é de unir o grupo da oposição, que atualmente está dividido pela cidade.
Do lado da gestão, a prefeita Moema Gramacho planeja uma série de ações e inaugurações para tentar melhorar a imagem de seu governo nos próximos meses e, assim, viabilizar seu candidato. Uma velha estratégia que já deu certo outras vezes. Seu secretário de administração, Ailton Florêncio, permanece como sua principal opção, uma vez que outros preteridos que colocaram seus nomes na disputa recuaram na primeira ação de ‘ataques’ e esfriaram suas candidaturas.
Tanto o secretário de Serviços Públicos quanto o de Saúde, Decinho e Augusto César, respectivamente, enfrentaram denúncias de má gestão em suas pastas e se levanta a dúvida se essas denúncias se devem ao fato de ambos estarem na corrida para o cargo de prefeito. João Roma e os bolsonaristas parecem estar perdendo representatividade na cidade, já que seu pré-candidato, Leandro de Jesus, não aparece e não tem participado dos debates sobre o município.
Conforme o tempo passa, o futuro de Lauro de Freitas parece cada vez mais incerto, como uma tripulação à deriva em um barco sem rumo.
Paulo Maneira é jornalista e consultor político. Comanda os podcasts Conjuntura Atual e Liga da Política.