Chá-Verde power

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Sucessor do chá-verde, o matcha tem 137 vezes mais antioxidante e aparece em receitas de doces e até mesmo em drinques – só que custa mais
 
 
Moída após um cultivo especial, a mesma folha do cháverde dá origem a um pó que pode ser consumido na forma de infusão ou misturado aos alimentos. É o matcha, o chá mais vendido nos Estados Unidos no ano passado, e que tem apresentado resultados interessantes em pesquisas.
 
Em testes com ratos, observou-se que o matcha pode reduzir os níveis de colesterol total e triglicerídeos e aumentar o colesterol bom, além de acelerar a perda de gordura corporal e a circunferência da cintura e prevenir alguns tipos de câncer, segundo a nutricionista Juliana Burger.
 
Ele contém cafeína, que proporciona sensação de alerta, além de catequinas, fitoquímicos que ajudam a prolongar o pico de energia gerado pelos alimentos. Graças ao aminoácido L-teanina, o matcha tem ainda efeito antiestresse e neuroprotetor. Relaxante, diminui a produção de cortisol, melhora o humor e atua sobre as ondas alfa – um tipo de onda cerebral ligado à tranquilidade.
 
“Os efeitos mais comprovados são a prevenção do câncer por conta dos antioxidantes, que previnem danos à estrutura celular, e o controle do peso, por conta da ação termogênica da cafeína”, diz a nutricionista Flávia Noeli de Souza Infante.
 
Na produção do matcha, as folhas da Camellia sinensis são protegidas do sol com lona um mês antes da colheita. Depois de colhidas, elas são enroladas e expostas ao vapor d’água. Secam naturalmente, sofrendo oxidação e preservando seus polifenóis naturais. No fim, são moídas e transformadas em um pó verde vivo.
 
Com 137 vezes mais antioxidantes do que o chá-verde, o matcha tem um gosto parecido com o de seu concorrente, só que menos amargo, e pode ser usado em receitas e outras bebidas.
 
No entanto, para obter os benefícios, seria preciso ingerir pelo menos três xícaras (ou 6 g de pó de chá) por dia durante três meses. O preço não é ameno: 30 gramas de matcha puro não saem por menos de R$ 23, o equivalente a R$ 138 por mês para seguir a quantidade recomendada.
 
Há opções de bebidas e preparações à base de matcha, como sucos de saquinho e cappuccinos. “Além de serem quase todos cheios de açúcar e ingredientes artificiais, não dá para saber a quantidade de chá que se está consumindo nesses produtos”,alerta Burger. Já as cápsulas têm somente o chá –boa opção para quem não gosta do sabor. Só custam mais caro.
 
Não muda nada consumir o matcha em uma bebida quente ou fria. “Misturá-lo a sucos de frutas cítricas ou espremer um limão no chá melhora sua absorção por conta do pH ácido e da vitamina C”, explica Infante.
 
Já o uso culinário pode trazer perda de catequinas, mas não há estudo que estabeleça o nível de perda. “Tudo indica que em cozimentos a até 100°C a perda seja baixa”, diz a nutricionista.
 
O pó já virou até ingrediente de drinques. “Tem um pigmento interessante e o sabor levemente amargo combina com destilados. É possível fazer drinques mais leves com ele, escolhendo bebidas de teor alcoólico menor e adoçando com agave”, diz omixologista Marco de la Roche. O chá estimula a produção de enzimas hepáticas, o que pode amenizar o efeito do álcool. “Mas não chega a compensar o consumo”, esclarece Infante. Mais de 40% da produção mundial de matcha vem da província de Shizuoka, no Japão. Atualmente, o país chega a produzir mais de 1.780 toneladas do produto ao ano.
 
No Brasil, o matcha já era vendido em mercados da Liberdade (bairro japonês de São Paulo), mas só a partir de 2014 é que passou a ser importado em massa e comercializado por marcas locais. Hoje o Brasil importa mais de dez toneladas por mês.

 

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