Promessa para o esporte, Centro de Judô, pode virar oficialmente espaço multiuso

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Quem passa pela praia de Ipitanga é logo impactado pelas dimensões do projeto arquitetônico que durante um tempo foi a esperança para milhares de atletas do judô no Brasil e sobretudo em Lauro de Freitas.

Inaugurado em 2014, o Centro Pan-Americano de Judô possuía estrutura não apenas para receber competições, mas também para ser o centro preparatório dos atletas para grandes disputas, como as Olimpíadas. A estrutura continua na orla, imponente, porém deteriorada pela ação do tempo, pela falta de manutenção e sem qualquer sinal de esporte.

As recordações dos bons tempos do Centro de Judô, algo tão recente mas que já parece tão distante de nossa realidade, estão ainda vivas na memória de Paulo Fraga, atleta há 55 anos, com faixa vermelha e branca, e instrutor há 46 anos; só em Vilas do Atlântico já são 22 anos de formação de novos atletas.

“Quando foi inaugurado o Centro de Judô, em 2014, se criou uma grande expectativa para o esporte. Por um tempo foi muito bom, várias competições foram realizadas, o que movimentou também a economia local, hotéis, pousadas, restaurantes. Recebi em meu dojô muitos atletas e essa troca gerou um grande incentivo para os atletas de Lauro de Freitas. Pena que tudo que é bom dura pouco”, frisou.

Construído entre 2013 e 2014 com verbas do governo federal (R$ 19,8 milhões), do governo da Bahia (R$ 18,3 milhões) e da Confederação Brasileira de Judô (R$ 5,1 milhões), a promessa era que o espaço se tornasse a casa do judô brasileiro, um marco na história do esporte. Mas, pelo alto custo de manutenção – algo em torno de R$ 1 milhão por ano –, o espaço foi pouco aproveitado pela Confederação e deixou de ser centro de referência sem sequer ser devidamente usado.

“Em Lauro de Freitas temos boas escolas de judô, a nossa academia vem se mantendo, nos últimos cinco anos, entre as três melhores da Bahia; já formamos quatro campeões brasileiros de judô aqui de Lauro de Freitas. O que sentimos falta, realmente, é de mais apoio, que agora está chegando, aos poucos, por parte da prefeitura”, contou.

Devolvido para a administração da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia – Sudesb em 2018, desde então o espaço vem sendo utilizado para realização de eventos esportivos diversos, como o pan-americano de badminton, o brasileiro de basquete 3×3 escolar e o campeonato brasileiro de tênis de mesa, além de receber outros eventos, sem qualquer ligação com o esporte, como uma feira de enxovais para bebê. Mas com o surgimento de novos espaços com melhor infraestrutura e adequada manutenção, a exemplo do Parque Shopping Bahia, até esses eventos estão se tornando raros.

Agora a ideia da Sudesb é realizar uma grande e necessária reforma, de modo que o local assuma de vez seu perfil de centro multiesportivo e multiuso. No que tange ao esporte, a proposta é abrigar ao menos seis modalidades, incluindo futsal, break (nova modalidade olímpica que estreia em 2024, na França) e basquete 3×3. Já a área dos alojamentos, deverá ser adaptada para se tornar um hub para as federações esportivas baianas.

“Eu que vi a construção do Centro de Judô – passava por lá todos os dias durante as obras –, ver como está hoje, completamente depredado é muito triste. Então, essa proposta de espaço multiuso pode ser uma solução interessante, não apenas para o esporte, mas para a cultura. Hoje existem pisos que podem ser montados e desmontados e o mesmo espaço pode ser utilizado para diversas modalidades esportivas e eventos culturais. No meio esportivo, já escuto falar dessa ideia de espaço multiuso há pelo menos dois anos e espero que não seja só mais uma promessa”, conclui Paulo Fraga.
 

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